Ontem fui fazer uma sessão de hipnose ao Teatro do Campo Alegre. Sem objectivos específicos, apenas para os artistas perceberem o tema sobre o qual vão trabalhar. Antes e depois estivemos a conversar sobre a hipnose e o trabalho da Sara Manente e do Marcos Simões. O espectáculo é este fim-de-semana e eu tenho muita, muita pena de não poder lá estar.

Devíamos ter, todos, mais contacto com a arte e com os artistas.


Mais informação em:

http://www.nec.co.pt/this-place-apresentacao/#more-1996


Mitos Sobre a Hipnose


1. A hipnose implica uma perda da consciência e é uma forma de sonho.

A associação que se desenvolveu entre hipnose e sonho não é muito afortunada. A pessoa com freqüência espera, ou teme, encontrar-se num estado inconsciente durante a hipnose. Entretanto, a hipnose não é um fenómeno do sonho. Os indivíduos não perdem a consciência e não dormem quando estão em transe. Apenas se melhora a concentração e focaliza-se de uma maneira pouco habitual.

2. A hipnose implica uma rendição da vontade e, portanto, o sujeito se encontra sob o controle do hipnotizador.

Afinal, toda hipnose é auto-hipnose. Os indivíduos deixam-se hipnotizar porque assim o desejam. A hipnose não pode ser induzida sem a colaboração do sujeito.

3. Os indivíduos crédulos e os estúpidos, assim como as mulheres, são hipnotizados mais facilmente.

Não há diferenças de sexo no hipnotismo. Eventualmente, a capacidade para o transe requer um indivíduo que confie e se abra a novas experiências. Há uma correlação ligeiramente positiva entre a inteligência e a hipnose, em vez de suceder o contrário.

4. A hipnose pode ser utilizada para que a pessoa faça ou diga coisas que normalmente não o faria.

Os indivíduos participam activamente no seu próprio comportamento de transe e, portanto, não podem ser obrigados a fazer ou dizer nada. O hipnotizador só os induz comportarem-se de determinadas maneiras.

5. A hipnose é perigosa.

O mesmo que ocorre com qualquer técnica poderosa, o uso da hipnose pode ocasionalmente ter consequências imprevistas. Por isso, só deveria ser utilizada por profissionais qualificados. Todavia, não é mais perigosa que a maioria das formas de tratamento psicológico, quando eficazmente empregue.

6. Os hipnotizadores devem ser enérgicos, carismáticos ou misteriosos.

O comportamento de alguns hipnotizadores pode ter contribuído para este mito! Entretanto, dado que toda hipnose é auto-hipnose, resulta que as características do sujeito são mais importantes do que as caraterísticas do hipnotizador.

7. A hipnose só ocorre quando se utiliza formalmente.

Embora os transes formais sejam mais familiares às pessoas, há acontecimentos diários que são de natureza hipnótica. Por exemplo, alguns indivíduos estão tão profundamente absortos numa actividade, que perdem a noção do tempo (distorção do tempo) ou não percebem os estímulos externos. O termo “hipnose da estrada” se refere ao comportamento da pessoa que viaja de automóvel de um lugar a outro sem se dar conta do itinerário. Os hipnoterapeutas ericksonianos, em especial, utilizam com frequência os transes informais.

8. A hipnose é terapia.

Inclusive muitos profissionais acreditam nisto! Contudo, como foi mencionado antes, a hipnose é uma técnica específica que deve ser usada apenas dentro do contexto da prática profissional. Embora quase todo o mundo possa induzir um transe, só um profissional qualificado pode empregar o comportamento de transe para solucionar problemas clínicos.

9. A pessoa não pode falar quando está em transe nem se pode lembrar o que aconteceu, uma vez fora do transe.

O transe é uma experiência muito individual. Algumas pessoas realmente têm amnésia espontânea para qualquer coisa que o hipnotizador diga durante o transe, enquanto outras recordam tudo (ou a maioria das coisas) com muita exatidão. Da mesma maneira, é muito freqüente que os indivíduos falem enquanto estão em transe, especialmente se o hipnotizador lhes pede que o façam.

In - Manual de técnicas de terapia e modificação do comportamento - VICENTE E. CABALLO

A Somatização

Somatização ou Perturbação Psicossomática

Processo pelo qual distúrbios de origem psíquica/ emocional, traduzem-se em mal-estar, com ou sem causa orgânica definida. Os dez problemas mais relatados pelos somatizadores são dores no peito, fadiga, tonturas, dores de cabeça, inchaço, dores nas costas, falta de ar, insónia, dores abdominais e torpor/apatia.

 O perfil dos somatizadores


20% da população mundial é afetada pelos transtornos de somatização
O distúrbio é mais comum em mulheres e entre elas os sintomas costumam ser mais severos

42,6 anos é a idade média dos somatizadores

40% deles têm depressão

20% apresentam transtorno do pânico ou ansiedade

Os somatizadores estão entre os principais utilizadores do sistema de saúde: 60% das consultas médicas referem-se a pacientes com queixas sem nenhuma causa orgânica

As alternativas que comprovadamente ajudam a amenizar os sintomas da somatização, ao aliviar o sofrimento emocional

Meditação

Acredita-se que a meditação modula a resposta do sistema nervoso ao stress. Consegue-se isso por meio do controle da ansiedade. O estudo mais recente nesse campo submeteu pacientes cardíacos à meditação e comprovou que eles tiveram uma redução da pressão arterial

Terapias cognitivo-comportamentais

O objectivo do método é fazer o paciente aprender a controlar os sintomas. Ou seja, ensiná-lo a evitar a cadeia de reacções emocionais que leva o corpo a responder com sinais físicos. Também chamado de terapia breve, é especialmente eficaz para aplacar sintomas clássicos, como taquicardia, tontura e falta de ar

Psicanálise

Ainda que nunca tenha criado uma teoria psicossomática, Sigmund Freud, o pai da psicanálise, foi um dos seus mais importantes precursores. Ao iniciar a prática clínica, Freud percebeu que as manifestações da histeria correspondiam a uma anatomia imaginária. A somatização é encarada como fruto da história pessoal do paciente. É uma abordagem profunda e complexa, que exige tempo e disposição para que o paciente se aventure no auto-conhecimento.

Anna Paula Buchalla - Revista VEJA

O Mito do Estado Ineficiente - Texto copiado

“Estado ineficiente”, mito medíocre


Por Rafael Azzi | Imagem: Matt Kenyon

Texto publicado em http://outraspalavras.net/destaques/estado-ineficiente-mito-mediocre/

A ideologia liberal defende a ideia de que a iniciativa privada é capaz de produzir bens e serviços de forma eficiente e barata; enquanto o Estado, considerado ineficiente e corrupto, seria simplesmente um obstáculo ao bom funcionamento do mercado. Trata-se de uma ideologia maniqueísta, pregando sempre a dicotomia Estado ruim versus mercado bom. Em muitos casos, tal percepção discriminatória se mostra de acordo com a realidade e, quando posta em prática por um determinado governo, torna-se uma profecia autorrealizável.

Segundo a mesma lógica, os funcionários públicos são considerados ineficientes e preguiçosos. Trata-se de um preconceito comum e persistente, mesmo diante do fato de que existem funcionários exemplares nos mais variados setores públicos, e de que, em instituições privadas, há empregados que, adaptados à cultura empresarial, conseguem ser premiados mesmo se esquivando do trabalho ou usando de formas pouco éticas.

A base da argumentação, para quem defende esse ponto de vista maniqueísta, se refere à questão da estabilidade. Por lei, funcionários públicos têm direito a estabilidade no emprego após passar por um período de avaliação probatória durante três anos. Tal fato justificaria o senso comum de que eles trabalham menos do que aqueles que se empregam em empresas privadas. Essa explicação se baseia na premissa de que a principal motivação para a eficiência no trabalho é o medo da demissão. Na verdade, estudos modernos demonstram que essa ideia não está correta. Há diferentes motivações para o trabalho. Os principais estímulos motivacionais, tais como a percepção de realizar uma tarefa significativa, o reconhecimento dos outros e a possibilidade de progresso podem existir ou faltar tanto na iniciativa privada quanto no funcionalismo público.

O argumento do mercado mais eficiente também não se sustenta em diversos casos. Na realidade, em alguns setores a lógica mercadológica parece atuar de forma contrária à eficiência. No que se refere à saúde, por exemplo, é possível comparar dois sistemas situados em pólos opostos: EUA e Cuba. Os índices de expectativa de vida e de mortalidade infantil da ilha caribenha são praticamente os mesmos dos EUA. Entretanto, os gastos anuais dos EUA em saúde, por pessoa, são de U$ 5.711, enquanto Cuba gasta apenas U$ 251. Dessa forma, o Estado cubano tem um custo pelo menos vinte vezes menor para obter um resultado equivalente ao da iniciativa privada americana.

Isso ocorre porque o Estado pode investir diretamente nas causas dos problemas e, assim, conduzir o atendimento médico a quem mais precisa. Em 2001, uma comissão do Parlamento Britânico visitou a ilha e relatou que o êxito da sua política de saúde é devido à forte ênfase na prevenção das doenças e ao compromisso com a prática de medicina voltada para a comunidade. Tal procedimento gera melhores resultados com menos recursos. O mercado sempre segue cegamente a lógica da maximização do lucro, que nem sempre se mostra a mais eficaz para lidar com problemas sociais; ou, nos termos de Bill Gates: “capitalismo significa que há muito mais pesquisa sobre a calvície masculina do que sobre doenças como a malária.”

No caso da ideologia liberal no governo, diversas vezes o que ocorre é uma profecia autorrealizável. Parte-se do princípio de que o Estado é ineficiente e corrupto, isso leva o Estado a investir pouco, pagar mal funcionários e sucatear os serviços públicos. O pouco reconhecimento e as más condições de trabalho geram insatisfação e greves. As paralisações tornam-se mais um argumento para afirmar que o serviço público é inerentemente ruim.

É o caso, por exemplo, do sistema carcerário brasileiro. Os governos recentes pouco investiram na área e não se interessaram pela renovação do sistema prisional medieval do país. Assim, ao invés de o Estado efetivamente tomar as rédeas da situação, surge uma solução de efeito rápido que agrada a todos: a iniciativa privada aparece para poder finalmente resolver a questão, sendo contratada pelo Estado para construir e administrar presídios. Muitos ganham com isso, menos a sociedade: os políticos que terceirizaram o problema, e os empresários que receberão dinheiro diretamente do governo.

Outro caso a ser citado é o que se refere ao tratamento de viciados em drogas. Enquanto muitos Centros de Atenção Psicossocial públicos (Caps) são negligenciados, o governo propõe como solução a internação em comunidades terapêuticas privadas. Observa-se que, nesses casos, não existe nem uma “lógica de mercado” propriamente dita operando na forma de competição e livre mercado. Presos e viciados não podem escolher o melhor serviço e são levados às prisões e às comunidades terapêuticas de forma compulsória. A competição por custos também inexiste, pois o serviço é subsidiado pelo governo.

Assim, pode-se observar que o mercado pode também trabalhar de forma contrária ao interesse coletivo. As instituições privadas de carceragem e de tratamento de drogados têm interesse em obter o maior o número possível de internações, sem que isso signifique a melhoria dos serviços oferecidos. Dessa forma, a dinâmica de interesses gera pressão do setor para que o governo endureça as leis de restrição de liberdade e incentive à internação compulsória por uso de drogas. Além disso, a reincidência de presos e de drogados também é benéfica para o mercado e prejudicial para a sociedade. Estudos afirmam que, no caso de internação, a reincidência de drogados é superior a 90% dos casos.

O argumento de que a terceirização pode desonerar o Estado também pode se mostrar falso. Em uma instituição pública, seja uma prisão ou um Caps, o Estado é responsável direto pelo salário dos funcionários e pela manutenção dos serviços. No caso das comunidades terapêuticas e das unidades de detenção privadas, o governo paga um subsídio pelo número de presos e de pacientes. Neste subsídio deve constar, para além dos custos fixos de salários e manutenção, uma certa margem de lucro para que a iniciativa privada se interesse em oferecer tais serviços.

É preciso analisar pontualmente as situações em que o Estado tem mais gastos ao oferecer diretamente serviços públicos. Na maior parte das situações, os maiores custos advêm de ações de transparência pública. Servidores devem ter a qualificação necessária e precisam ser contratados através de concursos públicos, e os gastos públicos são justificados e controlados através de processos de licitação e prestação de contas. Essa transparência tem como objetivo evitar atos indevidos e arbitrários, sendo condição necessária para o controle de práticas desonestas e antiéticas. Nas instituições privadas prestadoras de serviços, os profissionais são escolhidos pela empresa e o uso do dinheiro do governo não é controlado da mesma forma rígida utilizada na esfera pública para monitoramento de gastos.

Soluções possíveis para tal problemática seriam o controle e a fiscalização rígida, exercidos pelo Estado, nas empresas contratadas para executar serviços da esfera pública. No entanto, chega-se a uma contradição. Para que haja uma boa fiscalização por parte do Estado, o governo deverá ter mais infra-estrutura, pagar mais funcionários, ter mais custos com manutenção, dentre outros investimentos. Além disso, se a convicção liberal é a de um Estado intrinsecamente ineficiente e corrupto, de que adiantaria monitorá-lo? Essa é uma contradição do discurso liberal. Na verdade, em muitos casos, ao invés de o Estado se tornar mais eficiente ele se transforma no melhor parceiro que a iniciativa privada poderia ter.

A noção de Estado como local privilegiado de corrupção é sustentada igualmente por preconceitos ideológicos. Na verdade, pode-se afirmar que o Estado pode ser eficiente e o mercado corrupto, não havendo qualquer relação obrigatória entre esses termos. A corrupção do Estado é um problema real que deve ser combatido através de ações de transparência pública e da prestação de contas à sociedade. De acordo com um relatório produzido pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o Brasil perde de R$ 50,8 bilhões a R$ 84,5 bilhões por ano com corrupção governamental. Entretanto, a corrupção não é exclusividade do Estado. No que se refere a processos de sonegação fiscal, classificado como corrupção privada, uma pesquisa da organização britânica Tax Justice Network aponta perdas muito maiores para o país: 280,1 bilhões de dólares por ano.

Assim, o mito do governo ineficiente e corrupto é um discurso amplamente disseminado porque auxilia muitos grupos, inclusive aqueles que lucram à custa do próprio Estado. É preciso determinar políticas públicas de acordo com o que seja melhor para a sociedade como um todo, sem a interferência indevida de ideologias e de preconceitos criados e corroborados pelo senso comum.

As Pessoas Bonitas


Porque é que preferimos pessoas bonitas?


Os efeitos positivos da beleza física sobre a atracção revelam-se consistentes através das idades, dos sexos e das categorias socioeconómicas. Se é óbvio que os padrões de beleza mudam com o tempo e as culturas, a concordância acerca da beleza numa dada cultura e época é quase unânime.

Claro que os nossos juízos individuais sobre a beleza dos outros variam com as nossas motivações, história, termos de comparação e até com a activação fisiológica no momento em que fazemos essa avaliação.

Mas a questão é “Porque é que preferimos pessoas que achamos bonitas?”

A corrente da sociobiologia aponta razões de selecção natural. As pessoas consideradas bonitas evidenciam características morfológicas que indiciam bons genes e boas capacidades reprodutoras, sendo assim preferidas em detrimento dos menos afortunados.
Esta explicação, não totalmente desprovida de sentido, não explica as já referidas variabilidades culturais e históricas, nem porque é que, em contextos alheios à reprodução, as pessoas consideradas bonitas são melhor tratadas do que as outras.

A resposta a esta questão passa pela existência generalizada de estereótipos sociais associados a variáveis morfológicas. Mais exactamente, os indivíduos tendem a associar a beleza a traços de personalidade positivos.

As educadoras de infância, e os professores em geral, tendem a valorizar e a tratar diferenciadamente os alunos. As mães de crianças que consideram atraentes dispensam-lhes mais afecto e atenção. Os juízes tendem a ser mais indulgentes para com os réus mais atraentes (excepto, incompreensivelmente, se a beleza tiver sido utilizada como instrumento para cometer o crime). Os entrevistadores fazem da aparência física um critério de selecção profissional.

Os indivíduos tendem a estabelecer relações amorosas ou a casar com aqueles cujo grau de beleza física é relativamente próximo do seu mas, por outro lado, assimetrias na beleza são compensadas por assimetrias de sinal contrário ao nível do estatuto socioeconómico ou das próprias características da personalidade.

Felizmente para nós, comuns mortais, o peso relativo dos vários atributos (beleza, inteligência, sociabilidade, compatibilidade) varia quando consideramos a natureza da relação em causa (amizade versus amor) e os objectivos subjacentes às estratégias individuais de aproximação/sedução (isto é, se se procura de uma «aventura ocasional» ou projecto de vida numa relação continuada).

E, é claro, não existe nenhuma razão plausível para que os mais «privilegiados» fisicamente sejam, também, os mais dotados ao nível das competências cognitivas e sociais. Não é por ser bonito que se é mais inteligente ou competente, ou simpático, ou mesmo atraente e sedutor. 

Felizmente!

(Adaptado de Jorge Vala, 2004)

A Perturbação Hiperactiva com Défice de Atenção


A Perturbação Hiperactiva com Défice de Atenção (PHDA) é a perturbação neurocomportamental mais frequente na criança. Afecta entre 3 a 7 % de todas as crianças em idade escolar, sendo os rapazes 4 a 9 vezes mais afectados que as raparigas.

As crianças hiperactivas são uma fonte de desgaste constante para os pais e outros cuidadores, que muitas vezes se sentem culpados (pensam que são maus pais), envergonhados, cansados e impotentes para alterar a situação.

As crianças hiperactivas perturbam as aulas, respondem antes de ser completada a pergunta, interrompem os colegas, não aguardam a sua vez, mudam constantemente de actividade, não se mantêm sentados, não terminam as tarefas, têm dificuldade em obedecer a ordens e cumprir instruções directas. A dificuldade de concentração está sempre presente nesta síndrome. As crianças evitam tarefas que requeiram concentração, distraem-se facilmente e parecem não escutar.

O que é a PHDA – Um Problema de Saúde


A hiperactividade resulta da dificuldade no controlo da actividade e dos impulsos em situações em que esse controlo é fundamental, nomeadamente na escola.

Estudos recentes utilizando novas técnicas de imagiologia funcional, tais como o Positron Emission Tomography (PET), o Single Photon Emission CT (SPECT) e a Ressonância Magnética Funcional, evidenciam consistentemente diferenças subtis na estrutura e na função cerebral de indivíduos com diagnóstico de PHDA. Estas diferenças geralmente envolvem o lobo frontal, os gânglios basais e o corpo caloso.

Em termos simples, existe uma activação insuficiente do Córtex Frontal que impede o controlo dos impulsos e o exercício das funções cognitivas de controlo dos comportamentos. Assim, o tratamento químico da PHDA é feito com estimulantes do Córtex Frontal, sendo o mais utilizado o Metilfenidato (nomes comerciais: Concerta, Ritalina ou Rubifen).

A causa desta perturbação neurocomportamental ainda não é conhecida. Vários estudos, no entanto, apontam para uma base genética pois há maior risco de incidência em irmãos, principalmente nos gémeos idênticos, e é frequente existir um familiar próximo também afectado, geralmente o pai, nas famílias de crianças com este diagnóstico.


​Tratamento


Os objectivos do tratamento psicoterapêutico das crianças com Hiperactividade com Défice de Atenção  são a melhoria da aprendizagem e do rendimento escolar, o desenvolvimento do equilíbrio emocional de pais e crianças, da auto-estima e das competências sociais da criança e, não menos importante, o apoio e formação aos pais, família e demais cuidadores das crianças afectadas. A evolução é habitualmente favorável quando a criança é bem acompanhada e apoiada.

Após o diagnóstico são necessários o esclarecimento e o aconselhamento adequado da criança, dos pais e dos professores. É fundamental que todos entendam esta alteração de comportamento como um problema de saúde da criança e não como um problema de disciplina. Esta atitude é o passo mais importante para uma evolução favorável. Em casa e na escola todos devem assumir uma atitude positiva valorizando os comportamentos adequados e evitando as críticas sistemáticas.

As crianças hiperactivas apresentam muitas características e comportamentos positivos, por vezes excepcionais. Podem ser muito afectuosos, prestáveis, inteligentes, meigos e criativos. Estas características são muitas vezes esquecidas e desvalorizadas devido à frequência e intensidade dos comportamentos problemáticos.

Na sala de aula o aluno deve estar na primeira fila, deve ser reduzido o número de alunos da turma e deve ser proporcionado apoio educativo individualizado. Devem adaptar-se as actividades escolares ao tempo de concentração do aluno, incentivando-o a participar nas tarefas escolares.

Existem benefícios na utilização de medicação psicostimulante na melhoria da atenção e na redução da hiperactividade e impulsividade. No entanto a medicação nunca é a primeira opção de tratamento, devendo ser sempre usada em associação com a psicoterapia e alterações da rotina escolar, da estrutura das aulas e da atitude perante a criança, evitando o stress e promovendo a auto-estima.

Aparecem muitos casos na consulta de crianças a tomar calmantes, medicados por clínicos gerais, por iniciativa dos pais ou sugestão de amigos, professores ou auxiliares. Para além dos efeitos nocivos no desenvolvimento das crianças e na maior dificuldade de formação de memórias, esta medicação tem justamente o efeito oposto ao pretendido!


​Diagnóstico


O diagnóstico da PHDA é essencialmente clínico e baseado em critérios comportamentais. Os sintomas descritos - desatenção, hiperactividade e impulsividade - devem existir há mais de seis meses, ter-se iniciado antes dos sete anos de idade e manifestar-se em diferentes circunstâncias, nomeadamente em casa e na escola.

É sempre necessário verificar se existem doenças associadas, nomeadamente da visão e da audição ou associadas a um estado físico geral. Para estabelecer o diagnóstico devem ainda ser excluídas outras perturbações mentais (perturbações do humor, perturbação de ansiedade, perturbação da personalidade, perturbação dissociativa, comportamentos de oposição, consumo de substâncias). Devem ainda ser consideradas as variantes relacionadas com a idade, o sexo e as características temperamentais da criança.

O diagnóstico clínico da Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção exige uma avaliação bastante completa, pois envolve a análise de múltiplas variáveis neurológicas, neuropsicológicas (funções executivas), cognitivas e psicossociais que se encontram na base desta perturbação.
Assim, para um correcto diagnóstico da PHDA é indispensável recorrer à avaliação com profissionais experientes nesta área, uma vez que existem muitas variáveis que podem explicar os comportamentos desajustados exibidos por estas crianças.

Para a existência de um diagnóstico de PHDA a criança terá que apresentar 6 ou mais comportamentos de falta de atenção e/ou 6 ou mais comportamentos de hiperactividade-impulsividade, pelo menos durante os últimos 6 meses. Estes comportamentos disruptivos devem-se manifestar em pelo menos 2 contextos (ex: escola, casa, ATL, casa de familiares, etc.).

Este critério é muito importante porque se os comportamentos apenas se verificarem apenas num contexto, ou com um educador específico, a criança demonstra que, noutras situações, consegue controlar o seu comportamento. Nestes casos, as causas dos comportamentos devem ser procuradas noutras perturbações ou na relação entre a criança e o meio ou cuidador onde os comportamentos problemáticos se manifestam.

Critérios de diagnóstico do DSM-IV para a PHDA:

1) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de FALTA DE ATENÇÃO​ devem persistir pelo menos durante 6 meses com uma intensidade que é desadaptativa e inconsistente em relação com o nível de desenvolvimento: 

a) com frequência não presta atenção suficiente aos pormenores ou comete erros por descuido nas tarefas escolares, no trabalho ou noutras actividades;

b) com frequência tem dificuldades em manter a atenção em tarefas ou actividades;  
  
c) com frequência parece não ouvir quando se lhe fala directamente;
   
d) com frequência não segue as instruções e não termina os trabalhos escolares, encargos ou deveres no local de trabalho (sem ser por comportamentos de oposição ou por incompreensão das instruções);
    
e) com frequência tem dificuldades em organizar tarefas e actividades;
  
f) com frequência evita, sente repugnância ou está relutante em envolver-se em tarefas que requeiram um esforço mental mantido (tais como trabalhos escolares ou de índole administrativa);
    
g) com frequência perde objectos necessários a tarefas ou actividades (por exemplo, brinquedos, exercícios escolares, lápis, livros ou ferramentas);
    
h) com frequência distrai-se facilmente com estímulos irrelevantes;
    
i) esquece-se com frequência das actividades quotidianas.
  
2) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de HIPERACTIVIDADE - IMPULSIVIDADE persistiram pelo menos durante 6 meses com uma intensidade que é desadaptativa e inconsistente em relação com o nível de desenvolvimento:
  

HIPERACTIVIDADE

  
a) com frequência movimenta excessivamente as mãos e os pés, move-se quando está sentado;

b) com frequência levanta-se na sala de aula ou noutras situações em que se espera que esteja sentado;

c) com frequência corre ou salta excessivamente em situações em que é inadequado fazê-lo (em adolescentes ou adultos pode limitar-se a sentimentos de subjectivos de impaciência);

d) com frequência tem dificuldades em jogar ou dedicar-se tranquilamente a actividades de ócio;

e) com frequência «anda» ou só actua como se estivesse «ligado a um motor»;

f) com frequência fala em excesso;
    
IMPULSIVIDADE
    
a) com frequência precipita as respostas antes que as perguntas tenham acabado;
    
b) com frequência tem dificuldades em esperar pela sua vez;
    
c) com frequência interrompe ou interfere nas actividades dos outros (por exemplo, intromete-se nas conversas ou jogos).

Na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) esta perturbação é designada por Transtorno Hipercinético, apresentando algumas alterações relativamente aos critérios de diagnóstico do DSM-IV-TR.

SUB-TIPOS

Dentro do diagnóstico da Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção existem 3 sub-tipos de PHDA, consoante a frequência e intensidade dos comportamentos de desatenção e/ou hiperactividade-impulsividade que a criança exibe:

Tipo Predominantemente Desatento ocorre quando são observados 6 ou mais comportamentos de falta de atenção e menos de 6 comportamentos de hiperactividade-impulsividade.

Tipo Predominantemente Hiperactivo-Impulsivo é observado perante uma situação inversa à anterior (6 ou mais sintomas de hiperactividade-impulsividade e menos de 6 sintomas de falta de atenção).

Tipo Misto ocorre quando são observados 6 ou mais sintomas de ambas as categorias.

Consumo de Opiáceos - A Heroína

​“Dentro de uma hora, oh céus! Que extraordinária mudança! Que ressurgimento das mais inatingíveis profundezas do espírito! Que revelação do meu mundo interior. O fato de as minhas dores terem desaparecido pareceu-me então uma insignificância. Esse efeito negativo foi consumido no abismo de um prazer divinal subitamente revelado. Aqui estava a panaceia para todo e qualquer sofrimento humano; aqui estava o segredo da felicidade."
Thomas de Quincey – Memórias de um Comedor de Ópio

​A heroína é obtida a partir do ópio. O ópio é um líquido extraído das cápsulas da papoila do ópio (Papaver somniferum). É obtido por uma incisão superficial na cápsula da papoila. De cada cápsula de papoila podem recolher-se entre 10-100 mg de ópio. O ópio contém mais de 20 alcalóides activos, entre os quais a morfina (9-17% do total), codeína (0,5-4%), noscapina (2-9%), papaverina e a tebaína.
A evidência mais antiga do cultivo da papoila tem 5.000 anos e foi deixada pelos Sumérios. A papoila é descrita num ideograma dessa época como “a planta da alegria”.

Numa tumba egípcia do Séc XV a.C., foram descobertos resquícios de ópio. Aproximadamente na mesma época havia plantações de ópio ao redor de Tebas, justificando que o produto de origem egípcia fosse conhecido como “ópio tebaico”.
Poetas famosos, como Shelley, Baudelaire e Edgar Allan Poe, eram dependentes de ópio. Nas artes, são inúmeros os exemplos de consumidores de heroína.

A partir do ópio é extraído o primeiro alcalóide conhecido, a morfina, nome dado por Serturner em 1806 em homenagem a Morfeu, deus dos sonhos, do sono (hipnos) e da noite. Serturner acabará por morrer morfinómano.

Manipulando quimicamente a morfina, Dresser, em 1898, sintetiza pela primeira vez a heroína e a substância é colocada no mercado pela Bayer sendo as suas principais indicações terapêuticas os acessos de tosse da tuberculose e o combate ao morfinismo. Dresser viria a morrer heroinómano.

Ópio - Morfina - Heroína
Para que o ópio possa ser fumado, forma clássica de consumo, deve ser cozido. É colocado em água em ebulição, passa através de uma peneira para remover as impurezas e é obtido um fluido de ópio. Este fluido é novamente aquecido até a água evaporar e o ópio bem cozido está pronto para fumar.
A morfina obtém-se deste preparado. O ópio é novamente fervido e adiciona-se óxido, hidróxido ou carbonato de cálcio, para precipitar os alcalóides não morfínicos. Este líquido é filtrado, novamente fervido e é adicionado cloreto de amónio para precipitar a morfina.
Esta base de morfina contém 50-70% de morfina. A esta base, adiciona-se ácido clorídrico para obter cloridrato de morfina.
São necessários 13 Kg de ópio e um dia de trabalho para se obter quilo e meio de cloridrato de morfina.

A heroína é obtida a partir quer da base, quer do cloridrato de morfina.

O consumo ocasional de heroína tem um grande potencial aditivo. Para além de factores sociais e vulnerabilidades pessoais, o mecanismo de consumo é mantido por dois tipos de reforço: O reforço positivo, isto é, o prazer, intenso e imediato que proporciona, e o reforço negativo, a desaparição dos efeitos de privação.


Tratamento


O tratamento da dependência de heroína exige duas fases: a desintoxicação e a prevenção dos consumos.
A desintoxicação pode ser feita em casa, sob supervisão e acompanhamento. É uma fase que pode provocar grande sofrimento físico se não for administrada medicação de suporte (analgésicos opiáceos e benzodiazepinas). Com medicação de suporte o sofrimento físico causado pela abstinência é eliminado.
A prevenção dos consumos é feita com o recurso a antagonistas opiáceos, substâncias que impedem o efeito da heroína.
Na primeira fase, a desintoxicação, é fundamental que não sejam efectuados consumos durante uma semana. A ausência de consumos pode ser garantida através de supervisão e de testes de urina.
Na segunda fase, a administração do antagonista deve ser feita sob supervisão cuidadosa ou através de implante dérmico, para evitar a fuga à toma ou o vómito intencional imediato.

A componente essencial de um processo de tratamento é a componente psicológica. O paciente deve ser apoiado em todas as fases do processo e particularmente nos períodos em que o risco de recaída é maior.


Perturbações do Espectro Autista

Autismo

O Autismo é definido comportamentalmente, como uma síndrome com sintomas que envolvem:

1) dificuldades/atraso na aquisição da linguagem

2) dificuldades nos comportamentos de interacção social

3) comportamentos, interesses e actividades restritos, rígidos e repetitivos.

Em Portugal Continental, o último grande estudo (Oliveira e colaboradores, 2007) detectou autismo em uma em cada mil crianças com idades entre os 6 e os 9 anos, sendo os rapazes mais afectados do que raparigas numa proporção de 2 para 1. Os estudos epidemiológicos internacionais apontam para uma prevalência ao longo da vida entre 2 e 5 casos por cada mil habitantes e uma proporção entre homens e mulheres de 5 para 1.

Perturbação de Asperger


Na Perturbação de Asperger, embora se manifestem sintomas semelhantes aos do Autismo, não ocorrem dificuldades na aquisição da linguagem. Os outros sintomas (interacção social e comportamentos/interesses restritos e repetitivos) assumem uma forma menos intensa.

As Perturbações Autísticas são tradicionalmente vistas como doenças cerebrais, de base genética. Recentemente começam a ser vistas como perturbações de tipo sistémico, de base genética mas ambientalmente influenciadas por factores como toxinas, alimentação, existência de outras patologias, stressores ambientais e alimentação.

As recentes abordagens sistémicas que conjugam a terapia comportamental com a intervenção médica nos processos inflamatórios e transtornos gastrointestinais, bem alterações da dieta, têm produzido resultados espectaculares na melhoria dos sintomas de autismo.

Crianças diagnosticadas precocemente, com o apoio orientado dos pais e com terapia comportamental, podem ser adultos com uma vida perfeitamente normal.


Sinais de alarme para o Autismo


A criança:

Não sorri ou manifesta outras expressões de contacto social até aos seis meses (ou posteriormente)
Não responde a estímulos sociais até aos nove meses (não responde a sons, sorrisos ou outras emoções faciais)
Não balbucia até aos 12 meses
Não demonstra interesse por objectos apontando, mostrando ou tentando tocar-lhes aos 12 meses
Não diz nenhuma palavra aos 16 meses
Não forma frases de duas palavras com 24 meses
Qualquer perda do balbucio, discurso ou de habilidades sociais em qualquer idade

Claro que estes marcos temporais são apenas indicadores, há crianças que são mais rápidas na sua maturação fisiológica e cognitiva e outras que necessitam de mais tempo. Regra geral, considera-se normal uma variação de seis meses para os marcos de desenvolvimento das crianças. De qualquer das formas, esteja atento. Procure informação (por exemplo: http://www.appda-norte.org.pt/) e, caso existam motivos de preocupação, procure ajuda especializada.


​Tratamento:

A partir de um diagnóstico inicial é elaborado um plano de tratamento dirigido a seis áreas do funcionamento da criança: Desenvolvimento Motor, Funções Adaptativas (comer, vestir, segurança), Funções Executivas (planear, organizar), Jogo (jogo simbólico e motor), Funções Cognitivas (emoções, pensamento, relações causais)  e Resultados Académicos (linguagem e conceitos numéricos).

Programas comportamentais de tratamento intensivo têm obtido resultados verdadeiramente espectaculares no tratamento das Perturbações do Espectro Autista.
O número mínimo de sessões para a obtenção de resultados significativos é de 25 horas por semana, o que constitui um significativo esforço para todos, crianças, pais e terapeutas. No entanto, com uma intervenção integrada, medicamentosa, nutricional e psicológica, as crianças autistas podem atingir níveis de desempenho tão elevados como as crianças sem qualquer perturbação.



A Depressão

A depressão é uma condição médica definida que afecta 20 por cento da população portuguesa.

A depressão pode matar e não é sinónimo de tristeza nem um sinal de fraqueza.
Não é uma situação que se possa resolver de forma voluntária - as pessoas deprimidas não são preguiçosas ou fracas. O que se passa é que, sem ajuda, não conseguem simplesmente controlar os seus pensamentos, comportamentos e atitudes.

Muitos pacientes relatam uma única vontade: fechar-se no quarto, apagar as luzes, fechar as persianas e dormir, sem falar com ninguém. Já não sentem prazer ou alegria, estão sempre cansados e o futuro parece sempre pior do que o presente.

A depressão é a principal causa de incapacidades e a segunda causa de perda de anos de vida saudáveis entre as 107 doenças e problemas de saúde mais relevantes.

Uma em cada quatro pessoas em todo o mundo sofre, sofreu ou vai sofrer de depressão. Um em cada cinco utentes dos cuidados de saúde primários portugueses encontra-se deprimido no momento da consulta.


O que é a depressão?


A depressão é uma doença mental que se caracteriza por tristeza mais marcada ou prolongada, perda de interesse por actividades habitualmente sentidas como agradáveis, irritabilidade, desesperança e perda de energia ou cansaço fácil.

A depressão pode afectar pessoas de todas as idades, desde a infância à terceira idade, e se não for tratada, pode conduzir ao suicídio, uma consequência frequente da depressão. Estima-se que esta doença esteja associada à perda de 850 mil vidas por ano, mais de 1200 mortes em Portugal.

A depressão é mais comum nas mulheres do que nos homens: um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde, em 2000, mostrou que a prevalência de episódios de depressão unipolar é de 1,9 por cento nos homens e de 3,2 por cento nas mulheres.


Quais são os factores de risco?


Pessoas com episódios de depressão no passado; Pessoas com história familiar de depressão; Pessoas do género feminino – a depressão é mais frequente nas mulheres, em especial durante a adolescência, no primeiro ano após o parto, menopausa e pós-menopausa; Pessoas que sofrem um qualquer tipo de perda significativa, mais habitualmente a perda do emprego ou de alguém próximo; Pessoas com doenças crónicas - sofrendo do coração, com hipertensão, com asma, com diabetes, com história de tromboses, com artroses e outras doenças reumáticas, SIDA, fibromialgia, cancro e outras doenças; Pessoas que coabitam com um familiar portador de doença grave e crónica (por exemplo, pessoas que cuidam de doentes com Alzheimer); Pessoas com tendência para ansiedade e pânico; Pessoas com profissões geradoras de stress ou em circunstâncias de vida que causem stress; Pessoas com dependência de substâncias químicas (drogas) e álcool; Pessoas idosas.

Se sofre de ansiedade e/ou ataques de pânico, não hesite em procurar ajuda especializada, pois muitas vezes são os primeiros sintomas de uma depressão. A ansiedade e o pânico são tratados com bastante sucesso através da psicoterapia.

Se apresenta queixas físicas sem que os exames de diagnóstico encontrem uma explicação então aborde o assunto com o seu médico assistente.

As três formas de depressão mais comuns são a depressão major, a perturbação distímica e a perturbação bipolar.


Os sintomas mais frequentes são:


• Humor persistentemente triste
• Diminuição clara do interesse em todas ou quase todas as actividades
• Alterações do peso ou do apetite
• Insónia ou sonolência excessiva
• Agitação ou lentificação psicomotora
• Fadiga ou perda de energia
• Sentimentos de desvalorização ou culpa excessiva
• Diminuição da capacidade de concentração ou indecisão
• Pensamentos recorrentes sobre a morte ou ideação suicida
• Sintomas físicos persistentes, como dores de cabeça, problemas gastrointestinais ou dor crónica que não respondem ao tratamento convencional

Mais de 80% dos doentes deprimidos melhoram com o tratamento apropriado. A escolha do tratamento vai depender do diagnóstico, gravidade dos sintomas e preferências do doente. De forma geral, as depressões graves requerem uma combinação de medicamentos (antidepressivos) e psicoterapia.


Quais são as causas da depressão?


As causas diferem muito de pessoa para pessoa. Porém, é possível afirmar-se que há factores que influenciam o aparecimento e a permanência de episódios depressivos. Por exemplo, condições de vida adversas, o divórcio, a perda de um ente querido, o desemprego, a incapacidade em lidar com determinadas situações ou em ultrapassar obstáculos, etc.

Algumas doenças podem provocar ou facilitar a ocorrência de episódios depressivos ou a evolução para depressão crónica. São exemplo as doenças infecciosas, a doença de Parkinson, o cancro, outras doenças mentais, doenças hormonais, a dependência de substâncias como o álcool, entre outras.

O mesmo pode suceder com certos medicamentos, como os corticóides, alguns anti-hipertensivos, alguns imunossupressores, alguns citostáticos, medicamentos de terapêutica hormonal de substituição, e neurolépticos clássicos, entre outros.


Como se trata a depressão?


Normalmente, através do uso de medicamentos, de psicoterapia, ou da conjugação de ambas. A combinação de psicoterapia com medicação é mais eficaz forma de tratamento e a que produz efeitos mais duradouros.

As intervenções psicoterapêuticas são particularmente úteis nas situações ligeiras e reactivas às adversidades da vida, bem como em associação com medicamentos nas situações moderadas e graves.

O deprimido tende a ver o mundo através de uma lente que o faz interpretar todos os acontecimentos de uma forma negativa, quer porque percebe o mundo como fazendo solicitações excessivas ou colocando obstáculos insuperáveis para os seus objectivos de vida, quer porque interpreta as suas interacções com o meio como perdas ou fracassos. Como consequência, o futuro apresenta-se sempre pior do que o presente, aumentando assim a gravidade dos sintomas. A intervenção de um psicólogo pode alterar esta visão do mundo e de si, ajudando os pacientes a compreender e enfrentar o seu desespero diário.

A depressão é uma condição médica muito grave e envolve o corpo, o humor, os pensamentos e os comportamentos. Afecta a forma como a pessoa come e dorme, a forma como a pessoa se sente em relação a si própria e a forma como a pessoa pensa sobre as coisas e as pessoas que a rodeiam.

Sem o tratamento apropriado, os sintomas podem manter-se durante semanas, meses ou anos; no entanto, o tratamento correcto beneficia a maioria das pessoas deprimidas.

Se reconhece estes sintomas procura ajuda especializada. A eficácia do tratamento é tanto maior quanto mais rápida for a intervenção!

Abaixo encontra dois vídeos que descrevem os sintomas mais comuns da Depressão e de que forma esses sintomas podem afectar a vida das pessoas.