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As Pessoas Bonitas


Porque é que preferimos pessoas bonitas?


Os efeitos positivos da beleza física sobre a atracção revelam-se consistentes através das idades, dos sexos e das categorias socioeconómicas. Se é óbvio que os padrões de beleza mudam com o tempo e as culturas, a concordância acerca da beleza numa dada cultura e época é quase unânime.

Claro que os nossos juízos individuais sobre a beleza dos outros variam com as nossas motivações, história, termos de comparação e até com a activação fisiológica no momento em que fazemos essa avaliação.

Mas a questão é “Porque é que preferimos pessoas que achamos bonitas?”

A corrente da sociobiologia aponta razões de selecção natural. As pessoas consideradas bonitas evidenciam características morfológicas que indiciam bons genes e boas capacidades reprodutoras, sendo assim preferidas em detrimento dos menos afortunados.
Esta explicação, não totalmente desprovida de sentido, não explica as já referidas variabilidades culturais e históricas, nem porque é que, em contextos alheios à reprodução, as pessoas consideradas bonitas são melhor tratadas do que as outras.

A resposta a esta questão passa pela existência generalizada de estereótipos sociais associados a variáveis morfológicas. Mais exactamente, os indivíduos tendem a associar a beleza a traços de personalidade positivos.

As educadoras de infância, e os professores em geral, tendem a valorizar e a tratar diferenciadamente os alunos. As mães de crianças que consideram atraentes dispensam-lhes mais afecto e atenção. Os juízes tendem a ser mais indulgentes para com os réus mais atraentes (excepto, incompreensivelmente, se a beleza tiver sido utilizada como instrumento para cometer o crime). Os entrevistadores fazem da aparência física um critério de selecção profissional.

Os indivíduos tendem a estabelecer relações amorosas ou a casar com aqueles cujo grau de beleza física é relativamente próximo do seu mas, por outro lado, assimetrias na beleza são compensadas por assimetrias de sinal contrário ao nível do estatuto socioeconómico ou das próprias características da personalidade.

Felizmente para nós, comuns mortais, o peso relativo dos vários atributos (beleza, inteligência, sociabilidade, compatibilidade) varia quando consideramos a natureza da relação em causa (amizade versus amor) e os objectivos subjacentes às estratégias individuais de aproximação/sedução (isto é, se se procura de uma «aventura ocasional» ou projecto de vida numa relação continuada).

E, é claro, não existe nenhuma razão plausível para que os mais «privilegiados» fisicamente sejam, também, os mais dotados ao nível das competências cognitivas e sociais. Não é por ser bonito que se é mais inteligente ou competente, ou simpático, ou mesmo atraente e sedutor. 

Felizmente!

(Adaptado de Jorge Vala, 2004)